Laurent Katz é o novo líder de uma equipa decidida e empenhada em esquecer os maus momentos que a Pequignet passou nos dois últimos anos. Philippe Spruch, um multimilionário francês (fundador da LaCie, ligada à informática) é o novo proprietário da marca e conta com Katz para o renascer de uma marca que está a celebrar os 40 anos da sua fundação, por Emile Pequignet. Vejamos o que pensa Laurent Katz do momento actual da marca:
CHRONOS do tempo – Que evolução espera que a Pequignet registe num prazo de 10 anos? Quais são os seus principais desafios?
Laurent Katz – Queremos perpetuar o legado de 40 anos do Sr. Emile Pequignet, que criou uma marca personificando a elegância francesa, com um produto emblemático: Moorea, uma colecção que queremos continuar e desenvolver. Na capítulo relojoeiro, o “Calibre Royal”, que começou uma carreira promissora e emocionante, regista sucesso na Europa. Acabamos de lançar uma nova gama chamada “Royale Titane”, relógios que combinam o aspecto desportivo, a elegância e as complicações técnicas do Calibre Royal.
Cdt – Pretende assumir a liderança para a formação de uma entidade francesa (como o COSC), que “garanta” e certifique a qualidade / confiabilidade dos seus relógios?
Laurent Katz – Já existe uma certificação chamada “Viper Punch” com base em Besançon. Temos contactos frequentes com eles, a fim de certificar os nossos relógios. Esta organização tem agora de tornar-se conhecida por compradores, para promover a qualidade da sua certificação. Na verdade, o seu nível de exigência é muito superior ao do COSC (Swiss Official Chronometer Control, the Official Swiss Chronometer Testing Institute).
Cdt – Tem planos para, no futuro, construir uma unidade de produção/fábrica em Morteau?
Laurent Katz – Hoje, a nossa dimensão não nos permite produzir nossas peças internamente, mas estamos numa dinâmica e temos vontade de ter dentro de 5 a 10 anos, uma fábrica com a sua própria unidade de produção. “Roma não foi construída em um dia…”
Cdt – A relojoaria é um sector muito especial… Como é vender um relógio mecânico “made in France”, em mercados e a clientes habituados ao “swiss made”?
Laurent Katz – Não é que a indústria relojoeira suíça seja especial, mas hoje, graças à sua capacidade financeira, a sua “expertise” e excelência dos seus produtos, eles têm educado os consumidores na base do conceito “Swiss made”, mas há outros países com uma forte experiência na relojoaria, como o Japão e os países com um passado de prestígio como a França. Deve notar-se ainda que a França forma e educa a maioria dos fabricantes de relógios na Europa. Por exemplo, em Morteau, existe uma escola especializada em relojoaria que “produz” estudantes de diferentes graus: CAP (qualificação profissional), BMA (nível A) e DMA (nível A + 2 anos), e todos os dias, cerca de 12 mil trabalhadores atravessam a fronteira para a Suíça para trabalharem junto dos seus empregadores.
No nosso caso, pensamos que a qualidade dos nossos produtos e dos nossos elevados padrões de qualidade e exigência, associados com a cultura de luxo francesa, nos permitirá enfrentar este desafio. Os amantes de relógios, primeiro olham para um objeto bonito e confiável, em que ele se pode orgulhar, e com uma relação qualidade-preço que pode fazer a diferença no coração do consumidor.
Cdt – Depois da “tormenta” que a Pequignet viveu recentemente, que mensagem envia para rede de distribuidores e retalhistas?
Laurent Katz – Hoje, a empresa tem de regressar ao básico e o nosso lema interno é: “Modéstia e trabalho duro.” Nós elaboramos um programa para vários anos. Temos que respeitar alguns passos importantes a saber:
1. Reconquistar a confiança de nossa rede de distribuição
2. Lançar novas coleções atraentes e que respeitam nosso DNA
3. Desenvolver o mercado internacional
Cdt – Como recorda esta “tormenta” e como foi ultrapassada?
Laurent Katz – A principal coisa a fazer neste momento, é definir um programa coerente, conhecido por todos os funcionários da empresa, pontuado por etapas definidas, que permitem um retorno aos fundamentos saudáveis de uma empresa.
Cdt – Nos seus planos/estratégia, a Pequignet vai ser uma marca: feminina/masculina/fashion/relojoeira…. como define o seu espaço de actuação/posicionamento nos tempos mais próximos?
Laurent Katz – A nossa Manufactura e as nossas colecções tradicionais têm de ser conhecidas pela beleza dos modelos, e pela melhor relação qualidade-preço. Para fazermos isso, nós iremos comprometer a qualidade de fabricação e teremos de garantir a qualidade do nosso serviço pós-venda, sendo este último reconhecido, por vários anos, como um dos melhores serviços pós-venda do sector relojoeiro.
Cdt – Que desafio o inspira nesta tarefa como CEO da Pequignet?
Laurent Katz – Este não é um desafio pessoal, mas antes, um desafio coletivo. Somos uma PME com 50 pessoas/funcionários e não apenas a aventura de um único homem, mas de uma equipa. Para mim, o verdadeiro desafio é disseminar esta visão e coesão a toda a empresa.
Cdt – Tem para planos para visitar Portugal e a sua rede de retalhistas a breve prazo?
Laurent Katz – Sim, o nosso agente em Portugal, o Sr. António Moura, convidou-me e eu pretendo ir a Portugal, nos próximos seis meses para conhecer os nossos pontos de venda (eu prefiro o período de Inverno, pois esta temporada é bastante dura em Morteau).
Cdt – Que opinião tem sobre o mercado português?
Laurent Katz – Para a Pequignet, o mercado Português sempre foi um dos seus três maiores mercados. Infelizmente, por diversas razões, este sucesso não acontece hoje, mas vamos trabalhar juntos para torná-lo tão importante quanto costumava ser.