
Setembro de 1967! O Festival de Cinema de Veneza, conhecido como a “Mostra”, tem início em Veneza. No dia anterior à noite da cerimónia de abertura do evento, no baile realizado no Grand Canal Palace, Elizabeth Taylor faz manchete com uma daquelas chegadas extravagantes que ela tão bem protagoniza, usando um vestido cafetã bordado com lantejoulas e esmeraldas, juntamente com um penteado com fitas e conchas de papel, criado especialmente para ela.
Esta visão resume toda aquela época. As décadas de 60 e 70 representam um período especialmente despreocupado e único da história do século XX. Os parâmetros rígidos que anteriormente definiam a sociedade, desvanecem-se gradualmente. As barreiras sociais estritamente estabelecidas desmoronam-se. Em vez disso, em Nova Iorque, Paris, Mónaco, Londres, Veneza e Roma, bilionários, príncipes, estrelas de cinema e artistas reúnem-se de acordo com a tendência do dia e das estações. Todos eles, individualmente, aspiram a uma maior liberdade.
Na França, Brigitte Bardot transformou a pequena cidade de Saint-Tropez na capital internacional do estilo bohemian chic. Em Londres, a princesa Margarida, irmã da rainha de Inglaterra, não se coíbe de assistir às premières com túnicas étnicas coloridas. A tradição deu lugar à moda.
A história da Piaget foi marcada por esta época. Criada quase um século antes, em 1874, por George Piaget em La Côte-aux-Fées, uma pequena aldeia situada no flanco sul do Jura Suíço, este fabricante de relógios encontrava-se entre os mais famosos de todo o mundo. Nos anos 60, os hábitos da empresa sofreram uma mudança radical. A chegada de uma nova geração, especialmente Yves Piaget, a instalação de uma sala de lounge para os seus clientes de Genebra, e as influências contrastantes e sofisticadas destes anos de libertação, viriam a exercer uma influência profunda no processo criativo – em termos de design, materiais e contraste de cores. Ao mesmo e da mesma forma, os ventos de mudança varriam o mundo e a Piaget. E, paradoxalmente, algumas inovações consideradas bastante ousadas para a época, são atualmente clássicos desta marca.
Este ano (2014), a Piaget celebra o seu 140.º aniversário e por altura da 27.ª Bienal dos Antiquários, a empresa está a dar especial destaque ao período brilhante da sua história criativa dos anos 60 e 70, reforçado pela utilização dos materiais mais preciosos: diamantes, esmeraldas, safiras, pedras semipreciosas e ouro. 88 criações de joalharia e 37 relógios estão a ser criados especialmente para este evento. Os designs mais arrojados são pautados pela assimetria, fluidez e estilo. Em alguns destes modelos, a fronteira entre a joalharia e a relojoaria desaparece por completo. A cor é uma presença inquestionável, aparecendo de forma notável nos mostradores de pedras semipreciosas, uma imagem de marca da casa. Na verdade, um segmento inteiro da coleção foi designado “Extremely Colourful” (Extremamente Coloridas).