Quarta-feira, Outubro 9

Um sonho chamado B-Rocket…

Bruno Belamich, diretor criativo da Bell & Ross, sonhou com uma mota de velocidade que percorresse as pistas do lago salgado de Bonneville (Utah – EUA), onde tantos recordes foram estabelecidos.

Uma máquina inédita que, através das suas linhas, prestaria homenagem à aviação americana dos anos 50-60 e inspiraria um novo relógio para a marca.

Vejamos a experiência de Belamich contada na primeira pessoa: “A relojoaria e a aeronáutica são dois universos intimamente ligados. O relógio de aviação nasceu com a navegação aérea e evoluiu com a instrumentação aeronáutica.

O período mítico é aquele em que os engenheiros americanos se lançaram à conquista da velocidade supersónica e do espaço. Nessa época, as investigações nos domínios da aerodinâmica, do desempenho dos reactores e do controlo da velocidade eram uma busca gloriosa e perigosa para os pilotos. É nesta altura que os recordes de velocidade no solo vão atingir números fenomenais. Eu tinha vontade de explorar esta história de outra maneira e tive a ideia de construir uma moto para reencontrar o espírito da época e a magia deste local lendário. A B-Rocket serviu-me de inspiração para criar dois relógios complementares, pelo seu tamanho e pelas suas funções: o cronógrafo BR-01 e o seu irmão mais pequeno, o BR-03 B-Rocket”.

A colaboração entre a Shaw Speed Motorcycles, concessionário oficial da Harley-Davidson em Inglaterra, e a Bell & Ross não é um fenómeno recente. Há três anos, os ingleses apreciadores desta marca relojoeira construíram uma máquina muito especial, com uma base Harley-Davidson, e, depois, apresentaram-na espontaneamente à Bell & Ross. Bruno Belamich subscreveu rapidamente esta criação, denominada Nascafe Racer, que, graças às suas linhas deslumbrantes, conquistou numerosos prémios em concursos de personalização internacionais.

Três anos mais tarde, a Bell & Ross pediu aos génios ingleses, frequentemente galardoados em concursos de personalização internacionais, que construíssem uma moto de velocidade para correr nas pistas de Bonneville. Bruno Belamich desenhou então, uma gota de água. Uma óptima ideia para uma moto destinada a correr no deserto de sal…

O traço de um lápis, o que parece surpreendentemente simples para desenhar os contornos de uma moto única, com perfil aerodinâmico, que evoca na perfeição o fabuloso universo da aviação americana dos anos 50 e 60.

Bruno afirma: “Eu imaginei a moto, mas foram os artesãos da Shaw que a construíram. Trabalhámos em conjunto na concepção deste protótipo. É fantástico assistir ao nascimento deste tipo de criação, tornar realidade o que se imaginou no papel. Foi isto que tornou esta experiência apaixonante, que começou por um sonho, numa extraordinária aventura humana e técnica”.

Do outro lado do Canal da Mancha, Steve C. Willis, o diretor da concessão de East Sussex, declara: “Bruno confiou em nós. Como designer, sabe que é necessário dar liberdade às pessoas que realizam um projecto. Estávamos sempre em contacto, por mail, e encontrámo-nos várias vezes. O projecto era muito preciso, muito criado a partir do que tínhamos imaginado, neste estilo de motos de recorde, e foi necessário aderir a este espírito de perfeição. É isto que gostamos de fazer e que realizamos para a maioria dos nossos clientes. É uma troca de ideias e de competências”.

A B-Rocket foi apresentada no início de 2014, em França, antes de dar início à sua viagem transatlântica até às pistas do lago salgado, em Bonneville.

Como poderia ser de outra forma? É o criador que nos faz esta pergunta… em resposta às nossas. Com a B-Rocket, um engenho destinado exclusivamente a correr sobre o sal, era fundamental observar de perto e no terreno o que se iria passar. Era o objetivo da aventura e, no passado mês de Junho, uma pequena equipa dirigiu-se a este local lendário para os caçadores de tempos, para rodar um filme. Com a moto… e, evidentemente, também com o relógio, personagem primordial desta invulgar saga relojoeira.

A concretização de um sonho. Correr em Bonneville para rodar um filme não é apenas uma questão de viagem e logística, apesar de este aspeto ser bastante complexo. Também é necessário um bom piloto para conduzir a máquina. Assim, foram os artistas da Shaw que “deram o corpo ao manifesto”. E, mais uma vez, alguns imprevistos vieram moldar a história.

A condução da máquina em pista deveria ficar a cargo de Niels Sefton, um dos colaboradores da concessão e piloto conceituado que, a alguns dias da partida, sofreu uma lesão e teve de renunciar: foi necessário improvisar para encontrar um substituto. Foi também um colaborador da concessão Shaw, motard desde sempre, mas sem grande experiência neste tipo de práctica no lago salgado. Simon Pocock explica: “Pratiquei muito motocross e ando de mota desde sempre, mas não sou o que se chama um piloto de velocidade pura. Estava presente no momento certo e era necessário substituir o Niels. Então fui. Apesar de o meu colega estar lesionado e ter tido de renunciar, eu estava nas nuvens. Ia finalmente concretizar o meu sonho de correr no lago salgado”.

O sonho! Aqui, esta palavra assume o seu verdadeiro significado, uma vez que o lago salgado de Bonneville é um local verdadeiramente único e mítico. Contudo, é necessário um genuíno controlo da moto, em geral, para percorrer esta superfície de aderência precária, sozinho e perdido no meio desta imensidão branca, totalmente desprovida de pontos de referência. Simon explica: “Estava algo apreensivo antes de partir. Mas já não podíamos recuar. O desafio estava lançado. O comportamento da moto sobre o sal é muito particular e completamente diferente do que eu conhecia até agora. Aos poucos, habituei-me a levar a moto ao máximo e, quando me senti mais à vontade, os percursos tornaram-se incríveis. Sozinho na moto, com o som da mecânica e dos escapes a encher-me os ouvidos, tornando-me um só com a máquina. Foi mágico! Foi a primeira vez que senti tal emoção aos comandos de uma moto”.

Sensações que deixam adivinhar uma máquina bem nascida, e que o levam a concluir desta forma: “Evidentemente, esta moto não foi criada para conquistar recordes”. Para além de quebrar os nossos próprios recordes, o que acredito que conseguimos, seria necessária uma maior preparação mecânica para obter os desempenhos necessários às pistas de competição. No entanto, anda muito depressa.

O grande twin Harley-Davidson é realmente potente e fornece um ótimo binário. É uma moto plena de sensações, enérgica e potente. Tem verdadeiro potencial e um excelente comportamento, isso é certo. E, talvez um dia a possamos levar à Speed Week de Bonneville para concorrer com outras máquinas desta categoria.

Por agora, conservo apenas a óptima recordação de ter corrido em Bonneville para realizar o filme com toda a equipa da Bell & Ross. Entusiasmado e feliz, Simon tem o cuidado de salientar que a rodagem do filme não foi simplesmente uma balada com uma decoração de sonho como fundo: “Nós andámos muito. Foi muito exigente fisicamente e nada fácil. Como a pista estava totalmente livre e à nossa disposição, pudemos andar muito mais do que se estivéssemos a concorrer para quebrar um recorde. Durante a captação de perspectivas com o helicóptero, eu corria no mínimo 6 horas por dia. Uma verdadeira prova física! Aliás, isto punha-me sob bastante pressão, era necessário ser perfeito, não me desviar da linha, ter uma boa atitude. Não estava a correr contra o tempo, mas a concentração era, sem dúvida, idêntica à que se deve ter em corridas cronometradas. E o calor, o da moto e o do Sol (35° à sombra), era esgotante, pelo que tinha de me hidratar constantemente. Entre takes, sessões de fotografias e ajustes de enquadramento, os membros da equipa molhavam-me com água, debaixo do fato… E também o sal. Agarra-se a todos os pontos da moto, que é necessário limpar constantemente, para que não ocorram danos ou anomalias mecânicas. Foi um trabalho nada fácil, mas verdadeiramente apaixonante e, se me pedissem que o fizesse novamente, fá-lo-ia sem hesitar”.

Estas palavras merecem que a data seja assinalada. Uma data a acrescentar às aventuras da Bell & Ross, que segue diferentes pistas para conceber os seus modelos… Até mesmo neste lago de sal ímpar no meio do deserto! Onde não há limites para a velocidade nem para a imaginação.

 

Características Técnicas dos BELL & ROSS BR 01 B-ROCKET

BR 01 B-ROCKET

Movimento: mecânico automático.

 

Funções: horas, minutos e segundos pequenos. Data. Escala taquimétrica. Cronógrafo: 3 contadores (totalizadores de 60 segundos, 30 minutos e 12 horas).

 

Caixa: diâmetro de 46 mm. Aço polido-acetinado. O botão vermelho é em aço, com um revestimento em policarbonato-ABS.

 

Mostrador: preto mate. Ponteiros das horas e dos minutos metálicos esqueletizados, com Superluminova.

 

Vidro: safira antirreflexo.

 

Estanqueidade: 100 metros.

 

Braceletes: pele preta acolchoada com bordos vermelhos e tela sintética ultrarresistente preta.

 

Fivela: fuzilhão. Aço polido-acetinado.

 

 

 

 

BR 03 B-ROCKET

Movimento: mecânico automático.

 

Funções: horas, minutos, segundos. Grande data às 12h. Indicador de reserva de marcha.

 

Caixa: diâmetro de 42 mm. Aço polido-acetinado.

 

Mostrador: preto mate. Ponteiros das horas e dos minutos metálicos esqueletizados, com Superluminova.

 

Vidro: safira antirreflexo.

 

Estanqueidade: 100 metros.

 

Braceletes: pele preta acolchoada com bordos vermelhos e tela sintética ultrarresistente preta.

Fivela: fuzilhão. Aço polido-acetinado.